Conversamos muito. Passamos quase uma noite inteira conversando. Refletimos muito sobre o que a assistente social havia nos falado.
Pensamos individualmente. Cada um com duas indagações, certezas e medos.
Pensamos mais. Conversamos mais. Discutimos diversas variáveis.
Então sentamos e começamos a preencher a Planilha para Cadastramento de Pretendentes a Adoção. Demorou um tempo e foi muito doloroso fazer algumas escolhas. Reconhecer limitações.
A Assistente Social tinha toda razão, não é momento pra bancar o herói. São escolhas que vão refletir pelo resto de nossas vidas e não só na nossa, mas também na vida do nosso filho.
É estranho pensar que com um filho biológico não existem escolhas a serem feitas. Ele nasce e do jeito que vem será seu por toda vida.
Acredito que pessoas que, de livre e espontânea vontade, se dispõem a ter um filho com uma doença incurável, um problema psíquico ou motor grave, ou síndromes que não permitirão que ele se torne um adulto “normal” (entre aspas porque de perto ninguém é normal), estão em outro patamar. São dotadas de uma força maior.
Em suma, nossas escolhas foram: uma criança, entre 0 e 4 anos, cor indiferente, sexo indiferente, com doenças físicas e psicológicas tratáveis leves (seja lá o que isso signifique).
A planilha juntamente com os documentos solicitados foram entregues em outubro de 2011. Não me recordo o dia.